sexta-feira, 3 de abril de 2009

Essa & Outras (I)

Aconteceu nos primórdios do Cineclube Paraty quando, Dus e eu, fazíamos exibições em outros locais, antes da Casa da Cultura.
Denominamos de “Loucos por Cinema” a primeira sessão que fazíamos no Armazém do Cais, centro histórico de Paraty, em setembro de 2006. Os loucos daquela noite, além de nós mesmos, eram Zagati e Orson Welles. O primeiro, um catador de lixo que montou, na raça, uma pequena sala de cinema na garagem de sua casa, em Taboão da Serra (SP). Sua história foi documentada por Edú Felistoque e Nereu Cerdeira em um premiado curta-metragem de 2001. O outro louco, Mr. Welles, dispensa apresentações. ‘Zagatti` e `Cidadão Kane` foram os `exibidos` da noite.
Na abertura da sessão, quando eu apresentava os filmes para o público de aproximadamente 30 pessoas, um dos garçons da casa pediu a palavra para acrescentar uma curiosidade inusitada relativa a história de um dos melhores filmes de todas as épocas – muita gente concorda com isto - o longa estadunidense que assistiríamos em seguida.
Pois o Tibério, outro louco por cinema (bem-vindo ao manicômio dos cinéfilos !) nos contou sobre a Síndrome de Estocolmo da qual Patty Hearst, filha do magnata William R. Hearst, foi vítima. Para quem não sabe ou não se lembra, Mr. Hearst é supostamente o próprio Cidadão Kane, ou melhor, o personagem real no qual o filme se inspirou.
Em 1974, durante um assalto a banco, Patty foi seqüestrada pelos extremistas do Exército Simbionês de Libertação (SLA). Mantida trancada dentro de um armário por semanas, Patty sofreu abusos sexuais. Mas, aos poucos, ela foi simpatizando com a causa dos sequestradores. Após ser libertada, tornou-se a guerrilheira Tanya (olha ela aí embaixo), acabou sendo capturada em uma tentativa de assalto a banco e devolvida à família.
Por Essa e Outras, vale a pena continuar !



Complemento :
A Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico particular desenvolvido por pessoas que são vítimas de seqüestro. A síndrome se desenvolve a partir de tentativas da vítima de se identificar com seu captor ou de conquistar a simpatia do seqüestrador.
A síndrome recebe seu nome em referência ao famoso assalto de Norrmalmstorg do Kreditbanken em Norrmalmstorg, Estocolmo que durou de 23 de agosto a 28 de agosto de 1973. Nesse acontecimento, as vítimas continuavam a defender seus captores mesmo depois dos seis dias de prisão física terem terminado e mostraram um comportamento reticente nos processos judiciais que se seguiram. Dizem que duas das vítimas se casaram com os sequestadores após o término do processo. O termo foi cunhado pelo criminólogo e psicólogo Nils Bejerot, que ajudou a polícia durante o assalto e se referiu à síndrome durante uma reportagem. Ele foi então adotado por muitos psicólogos no mundo todo.

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