Aproveito a proximidade da estréia em circuito de Inútil, novo filme do diretor chinês Jia Zhang-Ke, para postar aqui algumas observações pessoais a respeito de seu estilo e sua obra, que nos últimos anos vem chamando a atenção de público e crítica em mostras no Brasil.
Zhang-Ke diferencia-se de seus conterrâneos mais famosos, como Wong Kar-Wai e Ang Lee - e, por conseguinte, da concepção que nós temos do cinema chinês -, principalmente por sua estética menos grandiosa, mais realista e quase documental (embora às vezes lance mão de cenas inusitadas e surrealistas).
De fato, em seus filmes, documentário e ficção se sobrepõem e se confundem: os atores não são profissionais, as locações são externas e as tomadas, longas e cuidadosas. A paisagem é tão importante quanto o primeiro plano e participa da trama quase como narradora: as repartições públicas decrépitas retratam uma burocracia inchada e inútil; os grandes centros urbanos são mais canteiro de obras do que lugares feitos para ser habitados.
A figura do canteiro de obras, aliás, é uma chave para o entendimento do trabalho desse diretor. A metáfora aí é que não só a estrutura do país está em construção, mas sim toda a teia de relações humanas, que perderam seu norte com as revoluções do Século XX e o boom econômico atual. Isso em uma nação com mais de três mil anos de história, em que as tradições sempre tiveram muita força na formação dos laços sociais.
As histórias narradas pelo diretor são mínimas, de pessoas comuns colhidas por uma modernidade que mais se assemelha a um terremoto, em seu poder desestruturador. Narrador das transformações por que seu país passa, Zhang-Ke nunca se abstém de ser crítico à realidade chinesa. Por viver em um regime ditatorial, seu cinema é, além de corajoso, criativo e talentoso o bastante para burlar a censura.
Como retratista de um fenômeno extremamente relevante para o mundo atual, Jia Zhang-Ke acabou por tornar-se um dos mais importantes diretores do momento.
Inútil
O documentário mostra toda a cadeia de produção de moda na China, desde as fábricas têxteis que desestruturaram a economia desse setor em todo mundo até a alta costura, passando pelos falsificadores de produtos de grife.
Em Busca da Vida
A obra acompanha as histórias paralelas do carvoeiro Han Sanming e da enfermeira Shen Hong. Han busca a esposa que comprou e que não vê há 16 anos. Shen também procura seu marido, um engenheiro do qual não tem notícias há dois anos. O cenário é a cidade de Fengjie, prestes a ser inundada pela hidrelétrica das Três Gargantas.
As imagens da cidade em ruínas são tão impressionantes quanto o gigantismo da obra da represa. No meio desses colossos, há ainda todas aquelas pessoinhas invisíveis, insistindo em sobreviver ou, ao menos, encontrar nos escombros da cidade semi-abandonada o que sobrou de suas vidas. O título original da obra, Still Life (Natureza Morta), talvez faça mais jus ao que se vê na tela.
Esse filme ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza e faz parte do catálogo do Cineclube Paraty.
O Mundo
Um parque temático em Beijing reproduz monumentos famosos de cidades de todo o mundo. O filme acompanha a vida e os relacionamentos dos trabalhadores desse parque. Temas fortes como a exploração sexual e a precariedade das habitações operárias são abordados na obra.
Prazeres Desconhecidos
Numa cidade do interior da China, um jovem sem perspectivas apaixona-se por uma celebridade local. Para conseguir realizar suas fantasias de amor e fuga, deverá enfrentar o empresário da cantora, chefe mafioso, e a falta de oportunidades para mudar de vida.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
sábado, 18 de abril de 2009
Vocês, os Vivos
No começo, o filme Vocês, os Vivos faz rir. Muito. Em cerca de 50 histórias curtas, recortes da vida são apresentados ao espectador pelo diretor Roy Anderson. A provocar a hilaridade há o ridículo, o grotesco do ser humano.
Mas isso se dá apenas no princípio. À medida em que a ação trancorre, percebe-se, por trás de todas as situações cômicas, o trágico de nossa condição: o vazio, a solidão, a busca desesperada por alguém que nos ouça, que nos entenda. O amor e a felicidade estão sempre em outro lugar, onde ninguém chegou a procurar.
Coitada da mulher gorda, que imagina poder ser livre se tiver uma moto. Pobre da garota tímida, que sonha casar-se com um músico egocêntrico (e que sonho lindo ela tem!). Coitado, até mesmo, do alto executivo, cheio de pretensão após fechar um grande negócio, que só se alegra quando ridiculariza aqueles que têm menos: ele não sabe que a vida aguarda na mesa ao lado, pronta a dar-lhe o choque do real.
Provavelmente na cena mais contundente do filme, um psiquiatra extenuado explica, num desabafo, o nó dessas vidas: como podemos querer ser felizes, plenos, se somos mesquinhos?
Com a câmera quase sempre fixa, Anderson vai amarrando esses contos numa estrutura cheia de humor amargo, esquisitices, música folk e tons de cinza. Uma preciosidade, esse filme.
Mas isso se dá apenas no princípio. À medida em que a ação trancorre, percebe-se, por trás de todas as situações cômicas, o trágico de nossa condição: o vazio, a solidão, a busca desesperada por alguém que nos ouça, que nos entenda. O amor e a felicidade estão sempre em outro lugar, onde ninguém chegou a procurar.
Coitada da mulher gorda, que imagina poder ser livre se tiver uma moto. Pobre da garota tímida, que sonha casar-se com um músico egocêntrico (e que sonho lindo ela tem!). Coitado, até mesmo, do alto executivo, cheio de pretensão após fechar um grande negócio, que só se alegra quando ridiculariza aqueles que têm menos: ele não sabe que a vida aguarda na mesa ao lado, pronta a dar-lhe o choque do real.
Provavelmente na cena mais contundente do filme, um psiquiatra extenuado explica, num desabafo, o nó dessas vidas: como podemos querer ser felizes, plenos, se somos mesquinhos?
Com a câmera quase sempre fixa, Anderson vai amarrando esses contos numa estrutura cheia de humor amargo, esquisitices, música folk e tons de cinza. Uma preciosidade, esse filme.
terça-feira, 14 de abril de 2009
Essa & Outras (II)
Mutias vezes nos damos conta da importäncia do nosso trabalho através do reconhecimento e consequente apoio de terceiros; pessoas que não estão envolvidas diretamente, mas se interessam em acompanhar com olhar atento e crítico de quem entende do assunto.
Estou falando de um dos grandes incentivadores do Cineclube Paraty desde sempre: o jornalista Ubiratan Brasil, editor assistente do Caderno 2 do jornal “O Estado de São Paulo”. Apesar de viver a 300 km de Paraty, ele nunca deixou de colaborar com o nosso projeto; algumas vezes estando presente fisicamente, outras vezes fornecendo informações valiosas por telefone ou correio eletrônico, ou ainda nos motivando nos momentos de dúvida e dificuldade.
Posso afirmar tranquilamente que o Bira, assim chamado pelos amigos, é um dos jornalistas mais respeitados e competentes do Brasil nas áreas de literatura e cinema. No seu dia-a-dia, acima de tudo pelo prazer, ele praticamente lê todos os livros e assiste a todos os filmes, muitas vezes antes de serem lançados no Brasil. Ele é um dos privilegiados (merecimento legítimo) a ocupar as melhores poltronas das salas dos festivais e mostras mundo afora, desde o Festival de Cinema Ambiental de Goiás Velho até o Oscar da Academia de Cinema de Hollywood em Los Angeles, por exemplo. Eu arriscaria dizer que a sua preferida é a Mostra Internacional de São Paulo: ele assiste todos os anos a cinco filmes por dia, no mínimo, e se lembra de detalhes de todos eles. Não é a toa que ele é um dos responsáveis pelo prêmio da crítica da Mostra de SP.
Pois tivemos o orgulho de ter a presença do Bira em uma das nossas primeiras exibições em Paraty. Em setembro de 2006 o convidamos e ele veio apresentar um filme. Como estávamos às vésperas do Festival de Cinema do Rio de Janeiro e da Mostra de SP que homenageou, naquele ano, o cinema italiano dos anos 1970 e 80, decidimos propor a exibição de três filmes para que o público escolhesse democraticamente um deles. O público presente, cerca de 30 pessoas, preferiu ‘Parente é Serpente´ a ‘Casa Nova e a Revolução’ e a ‘Feios, Sujos e Malvados’. Além de apresentar este filme, Bira fez uma síntese da programação destes que são os maiores festivais de cinema do Brasil.
Vamos publicar neste ‘blog’ futuramente outras contribuições ao Cineclube Paraty, do nosso querido Bira.
Fica aqui esta singela homenagem e agradecimento a este grande e respeitado amigo, quem me faz acreditar que, por Essa e Outras, vale e pena continuar !
Estou falando de um dos grandes incentivadores do Cineclube Paraty desde sempre: o jornalista Ubiratan Brasil, editor assistente do Caderno 2 do jornal “O Estado de São Paulo”. Apesar de viver a 300 km de Paraty, ele nunca deixou de colaborar com o nosso projeto; algumas vezes estando presente fisicamente, outras vezes fornecendo informações valiosas por telefone ou correio eletrônico, ou ainda nos motivando nos momentos de dúvida e dificuldade.
Posso afirmar tranquilamente que o Bira, assim chamado pelos amigos, é um dos jornalistas mais respeitados e competentes do Brasil nas áreas de literatura e cinema. No seu dia-a-dia, acima de tudo pelo prazer, ele praticamente lê todos os livros e assiste a todos os filmes, muitas vezes antes de serem lançados no Brasil. Ele é um dos privilegiados (merecimento legítimo) a ocupar as melhores poltronas das salas dos festivais e mostras mundo afora, desde o Festival de Cinema Ambiental de Goiás Velho até o Oscar da Academia de Cinema de Hollywood em Los Angeles, por exemplo. Eu arriscaria dizer que a sua preferida é a Mostra Internacional de São Paulo: ele assiste todos os anos a cinco filmes por dia, no mínimo, e se lembra de detalhes de todos eles. Não é a toa que ele é um dos responsáveis pelo prêmio da crítica da Mostra de SP.
Pois tivemos o orgulho de ter a presença do Bira em uma das nossas primeiras exibições em Paraty. Em setembro de 2006 o convidamos e ele veio apresentar um filme. Como estávamos às vésperas do Festival de Cinema do Rio de Janeiro e da Mostra de SP que homenageou, naquele ano, o cinema italiano dos anos 1970 e 80, decidimos propor a exibição de três filmes para que o público escolhesse democraticamente um deles. O público presente, cerca de 30 pessoas, preferiu ‘Parente é Serpente´ a ‘Casa Nova e a Revolução’ e a ‘Feios, Sujos e Malvados’. Além de apresentar este filme, Bira fez uma síntese da programação destes que são os maiores festivais de cinema do Brasil.
Vamos publicar neste ‘blog’ futuramente outras contribuições ao Cineclube Paraty, do nosso querido Bira.
Fica aqui esta singela homenagem e agradecimento a este grande e respeitado amigo, quem me faz acreditar que, por Essa e Outras, vale e pena continuar !
segunda-feira, 13 de abril de 2009
VAN GOGH: GÊNIO OU LOUCO?
REFLEXÕES SOBRE
VAN GOGH
GÊNIO ou LOUCO
“Não vos deixo nada a não ser uns restos do que fui.
Prefiro que não se lembrem de mim”.
Prefiro que não se lembrem de mim”.
Bilhete encontrado ao lado do corpo de VanGogh quando de seu suicídio.
Que Van Gogh era considerado louco por ter cortado sua orelha todos já sabem. Mas existe uma linha ténue entre a loucura e a criatividade dos grandes gênios. Excentricidade a parte é claro. Platão já considerava a arte uma espécie de loucura divina que acometia as pessoas criativas. A semelhança entre a loucura e a criatividade está na maior predisposição a estímulos externos.
Os impressionistas foram recebidos com desprezo pelos críticos da época, considerados loucos. O que eles diriam de Duchamp e os Dadaístas, quando derrubaram todos os conceitos do que era considerada arte.Claro que muitos dos movimentos tinham o interesse de chocar o público, ou apenas mostrar a alma humana através das cores, tal como Gauguin precisava pintar as areias de rosa para expressar sua emoção.No final a arte e o homem, criatividade e a loucura, fazem parte dos retratos da alma, quebrar barreiras e tentar achar o novo é o interesse do homem. Se não fosse a busca pela cor dos Fauvistas, das máquinas com o futurismo e todas as negações Dadaístas não teríamos a arte...
Os impressionistas foram recebidos com desprezo pelos críticos da época, considerados loucos. O que eles diriam de Duchamp e os Dadaístas, quando derrubaram todos os conceitos do que era considerada arte.Claro que muitos dos movimentos tinham o interesse de chocar o público, ou apenas mostrar a alma humana através das cores, tal como Gauguin precisava pintar as areias de rosa para expressar sua emoção.No final a arte e o homem, criatividade e a loucura, fazem parte dos retratos da alma, quebrar barreiras e tentar achar o novo é o interesse do homem. Se não fosse a busca pela cor dos Fauvistas, das máquinas com o futurismo e todas as negações Dadaístas não teríamos a arte...
(do Grupo Os Asnos e os Outrros)
Munch, Van Gogh, Picasso... De muitos artistas sempre se disse que não batiam lá muito bem da cabeça. Pois agora aumentam as evidências científicas de que criatividade e doença mental andam de fato muito próximas.
por Ulrich Kraft
por Ulrich Kraft
Concluída a escola, o jovem Vincent van Gogh vai trabalhar na compra e venda de objetos de arte, primeiro em Haia, depois em Londres. A infelicidade no amor o lança na primeira depressão grave. Seus pensamentos voltam-se para a religião. Passa quatro anos na Bélgica trabalhando como pastor. Ali, ajuda no que pode e luta pelos direitos das pessoas. Contudo, isso desagrada a Igreja, da qual é expulso, fazendo-o mergulhar em nova crise. "Minha única angústia é descobrir como posso ser útil ao mundo", escreve ao irmão Theo, seu mais íntimo confidente.Somente aos 27 anos, Vincent decide ser pintor. Lança-se ao trabalho com enorme intensidade. Em 1886, vai viver com Theo em Paris, onde sua saúde piora. Começa a sofrer de cãibras na mão esquerda. Passados os acessos, fica perturbado e a memória falha por breves períodos - primeiro indício da epilepsia diagnosticada mais tarde. O gosto do pintor pelo absinto contribui para o agravamento de seu estado. Sabe-se hoje que a bebida contém uma substância que favorece ataques epilépticos e psicoses. Seu temperamento explosivo e as oscilações de humor o tornam persona non grata para vários de seus conhecidos. "É como se fossem duas pessoas: uma delas, de grande talento, culta e sensível; a outra, egoísta e fria de sentimentos", descreve Theo.
No início de 1888, Vincent vai para o Sul da França, "cansado e desesperado", como ele próprio diz. Ali, sintomas de um grave transtorno psíquico manifestam-se com crescente nitidez. Períodos de atividade febril alternam-se com apatia e esgotamento total - sinais típicos de depressão maníaca. Sentindo-se só, pede ao amigo Paul Gauguin que se junte a ele. Juntos, os dois pintores fundam o "Estúdio do Sul". Mas este relacionamento deteriora, culminando numa catástrofe: em dezembro de 1888, van Gogh o ameaça com uma navalha e termina por amputar a própria orelha.No hospital, o primeiro diagnóstico: psicose grave. O médico Felix Rey também suspeita de epilepsia larvada, em que os acessos convulsivos têm forma bastante amena. Em compensação, imperam outras ocorrências psíquicas e o paciente oscila entre euforia extrema e depressão profunda, acompanhadas de angústia e insônia. Alucinações e mania de perseguição integram o quadro dos sintomas, bem como pronunciada emotividade, que, com freqüência, culmina em solicitude exagerada ou religiosidade extrema.A epilepsia de lobo temporal é tida como a explicação mais provável para o perturbado estado mental de van Gogh. Rey o trata com brometo de potássio. Passados alguns dias, o artista se recupera. Embora o médico chame sua atenção para os perigos do absinto, o pintor o ignora. Essa é uma das razões para as várias recaídas, que requerem repetidas internações. Seu estado psíquico é tão instável que, em maio de 1889, interna-se espontaneamente no sanatório de Saint Rémy.O médico da instituição confirma a epilepsia, mas suspende o tratamento com brometo de potássio. Apesar dos episódios de uma grave psicose, van Gogh produz no ano seguinte mais de 300 obras. Depois, muda-se para Auvers-sur-Oise, nas proximidades de Paris. Nos campos ao redor de Auvers, pinta algumas de suas grandiosas paisagens.
Em carta a Theo, menciona que gostaria de aumentar sua paleta de cores e pede apoio ao irmão. Três dias depois, o grande artista se mata com um tiro no peito.
Genialidade, criatividade, loucura...
O psicólogo americano Joy Paul Guilford (1897-1987) definiu criatividade como a capacidade de, diante de um problema, "encontrar respostas incomuns, de associação longínqua". Para chegar a uma idéia original, abandonam caminhos já trilhados e pensam de modo diferente. O intelecto, então, não se aferra à busca de uma única solução correta, mas move-se em diversas direções. Quanto mais fluentes e livres jorrarem os pensamentos, melhor. São precisamente esses talentos que os portadores de transtornos bipolares exibem em abundância na fase maníaca. Seu cérebro trabalha à toda, despejando idéias nada convencionais. Essa imensa produção está longe de resultar apenas em coisas sensatas, mas pouco importa: a massa de idéias que brota da mente maníaca eleva a probabilidade de que haja entre elas alguns lampejos mentais "genuínos".
Já o pioneiro Guilford via o segredo - do pensamento criativo - na capacidade de estabelecer um vínculo entre o racional e o irracional, o conhecido e o desconhecido, o convencional e o não convencional. Se, porém, a criatividade brota dessas oposições, espíritos criativos arriscam-se continuamente a ir longe demais com suas idéias e seus pensamentos, ultrapassando as fronteiras do inteligível.
Já o pioneiro Guilford via o segredo - do pensamento criativo - na capacidade de estabelecer um vínculo entre o racional e o irracional, o conhecido e o desconhecido, o convencional e o não convencional. Se, porém, a criatividade brota dessas oposições, espíritos criativos arriscam-se continuamente a ir longe demais com suas idéias e seus pensamentos, ultrapassando as fronteiras do inteligível.
"Boderline" - (Transtorno de Personalidade Instável).
Características marcantes do transtorno
a- Instabilidade emocional,
b-Falta de controle de impulsividade,
c-São comuns acessos de violência ou comportamento ameaçador, particulamente em resposta a críticas de outros,
d- Sentimentos crônicos de vazio,
e- Propensão a se envolver em relacionamentos intensos e instáveis,
f-Ameaças de suicídio/ou atos de auto lesão, e
g. Baixa auto-estima.
Segundo a OMS, em 2020, a depressão nervosa passará a ser a segunda causa de mortes mundiais por doença, após doenças coronárias. Os sintomas, geralmente associados ao quadro depressivo, incluem fadiga ou dores no corpo, insônia, mudanças no apetite, dificuldade de concentração, irritabilidade, medos irracionais e sentimentos de baixa auto-estima, culpa ou fracasso.
Alguns sintomas de depressão:
AnsiedadeCansaço e perda de energia;
Sentimento de tristeza persistente;
Diminuição do interesse e prazer em atividades que antes eram prazerosas;
Problemas de auto-confiança e auto-estima;
Dificuldade de concentração e de tomar decisões;
Sentimentos de culpa, desesperança, desamparo, solidão, ansiedade ou inutilidade
Alterações no sono;
Dificuldades em adormecer, acordar muito mais cedo do que o habitual, dormir em excesso ou pesadelos;
Isolamento: evitar outras pessoas. até mesmo amigos íntimos ou familiares;
Perda de apetite com diminuição do peso ou compulsão alimentar;
Perda do desejo sexual;
Inquietação e irritabilidade;
Auto-agressão;
Mudanças na percepção do tato
Acessos de choro;
Desatenção à própria higiene;
Possíveis mudanças comportamentais como agressão ou irritabilidade;
Medo ou sensação de ser ou estar sendo abandonado.
Algumas pessoas apresentam apenas alguns dos sintomas, outros apresentam inúmeros sintomas, com intensidade variada.Pessoas deprimidas têm frequentemente pensamentos mórbidos e a taxa de suicídio entre depressivos é 30 vezes maior do que a média da população em geral. A depressão é considerada em várias partes do mundo como uma das doenças com mais alta taxa de mortalidade
(*fonte: wik´pédia)
sábado, 4 de abril de 2009
Watchmen
Aqui, inicio uma série de críticas de filmes que vi recentemente no cinema. Começo por um dos mais aguardados (pelo menos por mim) nos últimos tempos: Watchmen. Sem mais delongas, a ela:
É claro que o diretor Zack Snyder não tinha chance de receber uma crítica muito favorável deste humilde blogueiro, já que resolveu mexer com algo sagrado. Para mim e para muitos por aí (a história foi eleita pela Time como um dos 100 melhores livros do século XX) Watchmen é responsável por elevar os quadrinhos de super-heróis a um novo patamar: o de arte.
Seu autor, o genial (e excêntrico) escritor inglês Alan Moore, quebrou muitos paradigmas da arte sequencial ao acrescentar elementos completamente estranhos ao meio. Duas de suas mudanças mais radicais foram o tipo de mundo que ele criou (muito mais real e próximo do nosso) e o caráter de seu heróis. Afinal, quem é que coloca fantasia colorida para espancar criminosos na rua? Seus personagens são muitas vezes psicóticos, moralmente repreensíveis e sofrem de problemas comuns como solidão e até impotência. Ou seja: eles são humanos.
Também importante na obra é a forma de sua narrativa: Moore usa conceitos de física quântica, filosofia, sociologia, história etc. para falar sobre a possibilidade real da aniquilação nuclear (referências ao Relógio do Juízo Final estão por toda parte) dentro de uma estrutura que tenta (e consegue) mostrar a sincronicidade de eventos aparentemente desconexos.
Assim, não foram poucos a dizer que Watchmen era uma história infilmável. A julgar pelo resultado do filme, eles estavam certos.
Não que ele seja de todo mau, longe disso. Os créditos iniciais, por exemplo, merecem figurar em qualquer antologia. Mas o resultado final sequer chega perto de atingir toda a complexidade da obra original, mesmo sendo bastante fiel a ela (Snider usa inclusive a difícil linha cronológica cheia de flashbacks utilizada por Moore).
À história: na década de 1930, algumas pessoas resolvem se fantasiar para combater o crime. Ao longo dos anos, esses vigilantes mascarados exercem sua função, ora adorados, ora detestados, muitas vezes usados pelo governo estadunidense em ações dentro e fora do país.
Nenhum deles tinha superpoderes até o surgimento, na década de 1960, do Dr. Manhattan, mais próximo de um deus do que de um ser humano. Com ele, os EUA vencem em poucas semanas a Guerra do Vietnã e conseguem, ao menos teoricamente, a arma definitiva contra os Soviéticos.
Em 1985, ano em que ocorre a ação principal, o Comediante, um ex-mascarado, é assassinado. O crime chama a atenção do psicótico Rorschach (interpretado com brilho por Jackie Earle Haley), único vigilante ainda na ativa. Desconfiando de uma conspiração, o anti-herói começa a contatar antigos parceiros. Tudo isso com o pano de fundo de uma iminente guerra nuclear.
O filme vai bem enquanto fica no estilo policial noir. Mas dá suas derrapadas a partir da metade, justamente no momento em que a história passa a exigir mais do diretor. Aí, Snider mostra todas as suas limitações, principalmente quando as muitas tramas paralelas começam a convergir. Então, ele abusa das cenas de luta sanguinolentas na tentativa de encobrir as falhas na estrutura narrativa.
De qualquer modo, não é um filme a ser ignorado. Serve ao propósito de entreter e, quem sabe, possa despertar o interesse do espectador pela obra original, esta, sim, fundamental.
Trailer:
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Essa & Outras (I)
Aconteceu nos primórdios do Cineclube Paraty quando, Dus e eu, fazíamos exibições em outros locais, antes da Casa da Cultura.
Denominamos de “Loucos por Cinema” a primeira sessão que fazíamos no Armazém do Cais, centro histórico de Paraty, em setembro de 2006. Os loucos daquela noite, além de nós mesmos, eram Zagati e Orson Welles. O primeiro, um catador de lixo que montou, na raça, uma pequena sala de cinema na garagem de sua casa, em Taboão da Serra (SP). Sua história foi documentada por Edú Felistoque e Nereu Cerdeira em um premiado curta-metragem de 2001. O outro louco, Mr. Welles, dispensa apresentações. ‘Zagatti` e `Cidadão Kane` foram os `exibidos` da noite.
Na abertura da sessão, quando eu apresentava os filmes para o público de aproximadamente 30 pessoas, um dos garçons da casa pediu a palavra para acrescentar uma curiosidade inusitada relativa a história de um dos melhores filmes de todas as épocas – muita gente concorda com isto - o longa estadunidense que assistiríamos em seguida.
Pois o Tibério, outro louco por cinema (bem-vindo ao manicômio dos cinéfilos !) nos contou sobre a Síndrome de Estocolmo da qual Patty Hearst, filha do magnata William R. Hearst, foi vítima. Para quem não sabe ou não se lembra, Mr. Hearst é supostamente o próprio Cidadão Kane, ou melhor, o personagem real no qual o filme se inspirou.
Em 1974, durante um assalto a banco, Patty foi seqüestrada pelos extremistas do Exército Simbionês de Libertação (SLA). Mantida trancada dentro de um armário por semanas, Patty sofreu abusos sexuais. Mas, aos poucos, ela foi simpatizando com a causa dos sequestradores. Após ser libertada, tornou-se a guerrilheira Tanya (olha ela aí embaixo), acabou sendo capturada em uma tentativa de assalto a banco e devolvida à família.
Por Essa e Outras, vale a pena continuar !
Complemento :
A Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico particular desenvolvido por pessoas que são vítimas de seqüestro. A síndrome se desenvolve a partir de tentativas da vítima de se identificar com seu captor ou de conquistar a simpatia do seqüestrador.
A síndrome recebe seu nome em referência ao famoso assalto de Norrmalmstorg do Kreditbanken em Norrmalmstorg, Estocolmo que durou de 23 de agosto a 28 de agosto de 1973. Nesse acontecimento, as vítimas continuavam a defender seus captores mesmo depois dos seis dias de prisão física terem terminado e mostraram um comportamento reticente nos processos judiciais que se seguiram. Dizem que duas das vítimas se casaram com os sequestadores após o término do processo. O termo foi cunhado pelo criminólogo e psicólogo Nils Bejerot, que ajudou a polícia durante o assalto e se referiu à síndrome durante uma reportagem. Ele foi então adotado por muitos psicólogos no mundo todo.
Denominamos de “Loucos por Cinema” a primeira sessão que fazíamos no Armazém do Cais, centro histórico de Paraty, em setembro de 2006. Os loucos daquela noite, além de nós mesmos, eram Zagati e Orson Welles. O primeiro, um catador de lixo que montou, na raça, uma pequena sala de cinema na garagem de sua casa, em Taboão da Serra (SP). Sua história foi documentada por Edú Felistoque e Nereu Cerdeira em um premiado curta-metragem de 2001. O outro louco, Mr. Welles, dispensa apresentações. ‘Zagatti` e `Cidadão Kane` foram os `exibidos` da noite.
Na abertura da sessão, quando eu apresentava os filmes para o público de aproximadamente 30 pessoas, um dos garçons da casa pediu a palavra para acrescentar uma curiosidade inusitada relativa a história de um dos melhores filmes de todas as épocas – muita gente concorda com isto - o longa estadunidense que assistiríamos em seguida.
Pois o Tibério, outro louco por cinema (bem-vindo ao manicômio dos cinéfilos !) nos contou sobre a Síndrome de Estocolmo da qual Patty Hearst, filha do magnata William R. Hearst, foi vítima. Para quem não sabe ou não se lembra, Mr. Hearst é supostamente o próprio Cidadão Kane, ou melhor, o personagem real no qual o filme se inspirou.
Em 1974, durante um assalto a banco, Patty foi seqüestrada pelos extremistas do Exército Simbionês de Libertação (SLA). Mantida trancada dentro de um armário por semanas, Patty sofreu abusos sexuais. Mas, aos poucos, ela foi simpatizando com a causa dos sequestradores. Após ser libertada, tornou-se a guerrilheira Tanya (olha ela aí embaixo), acabou sendo capturada em uma tentativa de assalto a banco e devolvida à família.
Por Essa e Outras, vale a pena continuar !
Complemento :
A Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico particular desenvolvido por pessoas que são vítimas de seqüestro. A síndrome se desenvolve a partir de tentativas da vítima de se identificar com seu captor ou de conquistar a simpatia do seqüestrador.
A síndrome recebe seu nome em referência ao famoso assalto de Norrmalmstorg do Kreditbanken em Norrmalmstorg, Estocolmo que durou de 23 de agosto a 28 de agosto de 1973. Nesse acontecimento, as vítimas continuavam a defender seus captores mesmo depois dos seis dias de prisão física terem terminado e mostraram um comportamento reticente nos processos judiciais que se seguiram. Dizem que duas das vítimas se casaram com os sequestadores após o término do processo. O termo foi cunhado pelo criminólogo e psicólogo Nils Bejerot, que ajudou a polícia durante o assalto e se referiu à síndrome durante uma reportagem. Ele foi então adotado por muitos psicólogos no mundo todo.
Assinar:
Postagens (Atom)