sábado, 30 de março de 2013

CINEMA ABRE A CABEÇA!




CINEMA ABRE A CABEÇA
E VIRA AULA DE HISTÓRIA

É isso mesmo: alunos do Cembra inauguram o projeto InterCine, do Cineclube Paraty, e aprendemmuito mais sobre a história política do Chile e da América Latina.
Leia aqui para saber detalhes.

 








                             




O mês de março termina com um balanço muito positivo para o Cineclube Paraty, que nesses seis anos de atuação ininterrupta na cidade, com sessões semanais gratuitas, também planeja sua programação com foco em públicos específicos de seus projetos paralelos, a exemplo do já consagrado (e esperado nas comunidades) Cinema Pé na Estrada, um projeto itinerante dirigido a crianças e jovens de regiões rurais e costeiras do município.

 
Durante as últimas três quartas-feiras do mês foi a vez dos alunos do curso de Formação de Professores (curso Normal) do CEMBRA tornarem-se o público-alvo do projeto InterCine, com exibições matinais seguidas de debates, na Sala IPHAN, na Praça da Matriz .

Danilo Medeji (mediador) e Marcelo Pina (convidado especial)
 
Criado e coordenado por Danilo Medeji, professor de Sociologia no CEMBRA e no CIEP, o InterCine, como o nome aponta, favorece, via sessões de cinema, o Intercâmbio Cultural entre alunos e convidados de diversas nacionalidades ou conhecedores dos temas retratados na linguagem cinematográfica, com a exibição de filmes adequados à provocação de discussões sobre política, cultura, história, educação e demais áreas de interesse social. ´´É o cinema como meio de discussão pedagógica”, reforça o Cientista Social e professor Danilo Medeji, que também faz parte da equipe de curadores do Cineclube Paraty.



Neste primeiro InterCine, o filme escolhido para ser exibido às turmas de 1º, 2º e 3º anos, totalizando cerca de 50 alunos, foi Machuca – produção chilena de 2004, escrito e dirigido por Andrés Wood, com foco em 1973, durante os primeiros tempos da ditadura militar no Chile (leia mais sobre o filme na sequência desta matéria).




Bem recebida pelo CEMBRA, em particular pela professora Tereza Ribeiro Pontes, articuladora ligada aos alunos nos projetos educativos do Curso Normal, esta primeira exibição do Intercine contou com a participação voluntária de Marcelo Pino, chileno morador de Paraty, que tinha 4 anos quando aconteceu o golpe militar em seu país. “Vivi lá até os 18 anos, todo o tempo em que morei no Chile foi sob o regime duro dos militares e o filme Machuca mostra um pouco dessa realidade que não pode ficar escondida na história contemporânea da América Latina.
 

O chileno Marcelo Pina é produtor cultural e  educador social
 
"É preciso que os jovens conheçam mais sobre esse passado recente, para que possam compreender melhor os dias de hoje e o que se passa não só no Chile, mas no Brasil, na Argentina, na Venezuela, no Uruguai, enfim”, ressalta Marcelo Pino, que é educador social e produtor cultural.
 
  
Com muitas histórias reais para contar, fruto não só de suas lembranças, mas de vivências de amigos, leituras e reflexões, Marcelo esteve à disposição das três turmas do Curso Normal para um debate após a exibição do filme. Informais, esses encontros ricos em termos de cultura e documentação histórica, serviram de referência para os alunos, inclusive contando como horas de estágio para seus currículos escolares. 






Profa. Tereza Ribeiro Pontes


 “Uma excelente oportunidade para se tratar de temas interdisciplinares, que favoreçam a esses jovens uma abertura maior para o mundo. E o melhor, por meio do cinema”, avaliou a professora Tereza.

Profa. Tereza Robeiro Pontes
 
Ao final de cada sessão, todos saíram com a certeza de que o projeto vale a pena. “Uma excelente oportunidade para se tratar de temas interdisciplinares, que favoreçam a esses jovens uma abertura maior para o mundo. E o melhor, por meio do cinema”, avaliou a professora Tereza. Danilo Medeji, por sua vez, garante que a boa ideia vai ter continuidade. “Este intercâmbio só traz benefícios e é um projeto viável, mais um que o Cineclube Paraty abraçou. Basta um filme e um convidado. Há muitos temas abertos a discussões. E bons filmes não faltam”, finaliza Danilo.   
 
Danilo Medeji e Marcelo Pino


Marcelo Pino e Marta Viana


Alunos do CEMBRA em frente a Sala IPHAN.
Casa do Patrimônio no Centro Histórico de Paraty



Sobre o filme
MACHUCA
 
 
 Produção chilena de 2004, o filme situa a cidade de Santiago em 1973, durante o governo socialista de Salvador Allende e pouco antes do golpe militar do general Augusto Pinochet. Conta a história de dois meninos que se tornam amigos, estudando numa escola de elite: Pedro Machuca, o pobre, e Gonzalo Infante, o rico. O projeto de integração social é chefiada pelo diretor da escola, o padre McEnroe.
Retrato bastante fiel da violenta e dura realidade social e política da época, o filme foi dedicado ao padre Gerardo Whelan, que no período de 1969 a 1973 foi diretor do Colégio Saint George, uma escola privada de língua inglesa, na capital chilena, onde o diretor do filme, Andrés Wood, estudou quando menino.




Colaboração:

Texto e fotos: Cláudia Ribeiro
Fotos: Marta Viana
 

3 comentários:

  1. Eu fico muito orgulhosa de ter compartilhado um bocadinho esse convívio com vocês do CINECLUBE PARATY ... Muito obrigada pelo muito que aprendi com vocês ... Eu assisti em 1.981, ao filme, ELES NÃO USAM BLACK TIE, com JEAN FRANCESCO GUARNIERI, o filme versava sobre a morte de um colega meu de fábrica: SANTO DIAS DA SILVA, morto na porta da fábrica, onde nós fazíamos as primeiras greves no período ainda da ditadura ... No dia 30 de outubro de 1.979, nós estávamos em frente aos portões da fábrica de lâmpadas fluorescentes SYLVÃNIA, no distrito de SANTO AMARO, S.P., nós da banda direita do portão e o pelotão da P.M.S.P., do outro lado do portão, o policial mirou sua arma em direção a um nosso colega de fábrica que estava na frente, na primeira fileira e o SANTO DIAS DA SILVA, saiu do meio da multidão de nós, operários, se postou na frente desse colega e o P.M. atirou no SANTO... Ele deu-se inteiramente a vida, salvando a do nosso outro colega... Foi o maior ato de amor que vivi em minha vida... Muito obrigada pelo que vocês me deram e dão aos aluninhos da escola do CEMBRA em Paraty... Afeto sempre gratos a todos vocês, da Delma .

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  2. Parabéns pela iniciativa e condução deste projeto, Danilo e pelo apoio da equipe Lauro, Marta e Claudia. "Orgulho d´ocês !". E obrigado ao Marcelo pela participação especial.

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  3. SAUDAÇÕES: Tenho o prazer de ver como as nossas histórias são divulgados, como balas Esar, ainda de pé, apesar de muitas mortes, oleorresinas, injustiças, nós, ver como os jovens de hoje estão a ouvir e aprender com as histórias de ontem. Porque não terminou com a origem da desigualdade, porque há muito a fazer. Marcelo Pino AGRADECIMENTOS para espalhar a nossa realidade, passado e presente. rosário

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