CINEMA ABRE A CABEÇA
E VIRA AULA DE HISTÓRIA
E VIRA AULA DE HISTÓRIA
É isso mesmo: alunos do Cembra inauguram o projeto InterCine, do Cineclube Paraty, e aprendemmuito mais sobre a história política do Chile e da América Latina.
Leia aqui para saber detalhes.
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O mês de março termina com um balanço muito
positivo para o Cineclube Paraty, que nesses seis anos de atuação ininterrupta
na cidade, com sessões semanais gratuitas, também planeja sua programação com
foco em públicos específicos de seus projetos paralelos, a exemplo do já
consagrado (e esperado nas comunidades) Cinema Pé na Estrada, um projeto
itinerante dirigido a crianças e jovens de regiões rurais e costeiras do
município.
Danilo Medeji (mediador) e Marcelo Pina (convidado especial) |
Criado e coordenado por Danilo Medeji, professor
de Sociologia no CEMBRA e no CIEP, o InterCine, como o nome aponta, favorece,
via sessões de cinema, o Intercâmbio Cultural entre alunos e convidados de
diversas nacionalidades ou conhecedores dos temas retratados na linguagem
cinematográfica, com a exibição de filmes adequados à provocação de discussões
sobre política, cultura, história, educação e demais áreas de interesse social.
´´É o cinema como meio de discussão pedagógica”, reforça o Cientista Social e
professor Danilo Medeji, que também faz parte da equipe de curadores do
Cineclube Paraty.
Neste primeiro InterCine, o filme escolhido para
ser exibido às turmas de 1º, 2º e 3º anos, totalizando cerca de 50 alunos, foi Machuca – produção chilena de 2004, escrito
e dirigido por Andrés Wood, com foco em 1973, durante os primeiros tempos da
ditadura militar no Chile (leia mais sobre o filme na sequência desta matéria).
Bem recebida pelo CEMBRA, em particular pela
professora Tereza Ribeiro Pontes, articuladora ligada aos alunos nos projetos
educativos do Curso Normal, esta primeira exibição do Intercine contou com a
participação voluntária de Marcelo Pino, chileno morador de Paraty, que tinha 4
anos quando aconteceu o golpe militar em seu país. “Vivi lá até os 18 anos,
todo o tempo em que morei no Chile foi sob o regime duro dos militares e o
filme Machuca mostra um pouco dessa
realidade que não pode ficar escondida na história contemporânea da América
Latina.
O chileno Marcelo Pina é produtor cultural e educador social
"É preciso que os jovens conheçam mais sobre esse passado recente, para que possam compreender melhor os dias de hoje e o que se passa não só no Chile, mas no Brasil, na Argentina, na Venezuela, no Uruguai, enfim”, ressalta Marcelo Pino, que é educador social e produtor cultural.
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Com muitas histórias reais para contar, fruto não
só de suas lembranças, mas de vivências de amigos, leituras e reflexões, Marcelo
esteve à disposição das três turmas do Curso Normal para um debate após a
exibição do filme. Informais, esses encontros ricos em termos de cultura e
documentação histórica, serviram de referência para os alunos, inclusive
contando como horas de estágio para seus currículos escolares.
“Uma excelente oportunidade para se tratar de temas interdisciplinares, que favoreçam a esses jovens uma abertura maior para o mundo. E o melhor, por meio do cinema”, avaliou a professora Tereza.
Ao final de cada sessão, todos saíram com a
certeza de que o projeto vale a pena. “Uma excelente oportunidade para se
tratar de temas interdisciplinares, que favoreçam a esses jovens uma abertura
maior para o mundo. E o melhor, por meio do cinema”, avaliou a professora
Tereza. Danilo Medeji, por sua vez, garante que a boa ideia vai ter
continuidade. “Este intercâmbio só traz benefícios e é um projeto viável, mais
um que o Cineclube Paraty abraçou. Basta um filme e um convidado. Há muitos
temas abertos a discussões. E bons filmes não faltam”, finaliza Danilo.
Danilo Medeji e Marcelo Pino
Marcelo Pino e Marta Viana |
Alunos do CEMBRA em frente a Sala IPHAN. Casa do Patrimônio no Centro Histórico de Paraty |
Sobre o filme
MACHUCA
Produção chilena de 2004, o filme situa a cidade de Santiago em 1973, durante o governo socialista de Salvador Allende e pouco antes do golpe militar do general Augusto Pinochet. Conta a história de dois meninos que se tornam amigos, estudando numa escola de elite: Pedro Machuca, o pobre, e Gonzalo Infante, o rico. O projeto de integração social é chefiada pelo diretor da escola, o padre McEnroe.
Retrato bastante fiel da violenta e dura realidade social e política da época, o filme foi dedicado ao padre Gerardo Whelan, que no período de 1969 a 1973 foi diretor do Colégio Saint George, uma escola privada de língua inglesa, na capital chilena, onde o diretor do filme, Andrés Wood, estudou quando menino.
Colaboração:
Texto e fotos: Cláudia Ribeiro
Fotos: Marta Viana